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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS

--ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS--
BASEADOS EM PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS E VIRTUAIS



Muito a gente ouve de que no meio pagão (como no resto) as pessoas querem tudo mastigado. Muita gente diz que tudo está mastigado pelos sites e blogs da vida. Porém na verdade, a maioria, não está mastigada e sim mastigada, engolida e vomitada.
 
Vejo muito as pessoas, em especial neófitas, dizerem que os conteúdos da Internet são muito variados e contraditórios entre si, assim como em livros de um autor para outro. Mas que fazer com este entulho de informações?
 
A melhor maneira de aprender com isso é o cruzamento de informações e a sistematização do conteúdo e de resultados. Parece difícil e penoso, não é?! Porém pode ser vantajoso e prazeroso, no final de uma dedicada empreita, os resultados são incríveis e você fica craque no assunto.
 
-----Cruzamento de dados------
 
Durante este processo nos fixamos apenas em um assunto, ou seja, dentro de um panteão escolhemos, por exemplo, uma divindade.
 
Primeira etapa - Sistematiza o conteúdo encontrado nos sites:
 
Exemplo:
"Afrodite (em grego antigo: Ἀφροδίτ, transl. Aphrodítē) é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade na mitologia grega. Sua equivalente romana é a deusa Vênus. Historicamente, seu culto na Grécia Antiga foi importado, ou ao menos influenciado, pelo culto de Astarte, na Fenícia.
De acordo com a Teogonia, de Hesíodo, ela nasceu quando Cronos cortou os órgãos genitais de Urano e arremessou-os no mar; da espuma (aphros) surgida ergueu-se Afrodite." (wikipedia)
Temos aqui a nossa bela Afrodite, vamos sistematizar as informações:
-deusa: Afrodite
--panteão: grego
---nome grego: Aphrodítē
----potencial: amor, beleza e sexualidade
-----equivalência romana: Vênus
-------influência culto: Astarte (Fenícia)
--------nascimento: órgãos genitais de Urano, cortados por Cronos, lançados no mar, nascida da espuma
 
Criamos uma base de dados e a partir disso fazemos isso com as fontes do site A. B e C.
 
>>Segunda etapa - levantamento de pesquisas históricas e arqueológicas. A partir disso identificamos o que é registro antropo/arqueológico / histórico / filosófico e o que é reconstrucionismo ou invencionismo.
 
>>Terceira etapa - separar o reconstrucionismo do invencionismo. O reconstrucionismo é baseado em registro históricos (antropo/arqueo/filos) seguindo a mesma linha de estrutura, ou seja, se em registros dos mais variados diz-se que as sacerdotisas eram virgens, reconstruímos um mito com este mesmo conceito. Ah, mas não encontro como eram as sacerdotisas!
 
 
Geralmente seguem as mesmas características comportamentais atribuídas à divindade. Respeitamos aqui as linhas cronológicas de acontecimentos e fases. Se uma divindade tem aversão a outra em seu mito, no reconstrucionismo isso permanece. Muita gente quer criar uma "ciranda-cirandinha" com as divindades que se odeiam e isso parte para o invencionismo. Para identificar o reconstrucionismo, percebemos que muita informação de base histórica é encontrada, mas encontra-se em mitos reconstruídos que seguem a mesma estrutura central e mesmo padrão periférico.
 
No invencionismo geralmente a pessoa adequa as divindades e os mitos aos seus gostos e conceitos morais (ou não morais). Exemplificando, já vi pessoas colocando Afrodite como uma deusa pura e comportada, espalhando amor e bondade aos quatro cantos. Percebemos claramente um invencionismo, já que havia até repulsa contra ela em algumas regiões da Grécia, por entenderem ela como uma deusa frívola e imoral.
 
Afrodite é a Deusa do Amor, mas a mesma pintou e bordou com os corações alheias, deixando alguns deuses com mais chifres que de costume. Ruim??? Não, este é o aspecto complementar da divindade, não podemos apenas pegar aquilo que é bonitinho e ignorar o que nos desagrada. Ah, mas eu odeio traição! Procure outros deuses, existem milhares no mundo como a deusa japonesa do amor e da beleza Benten, que possui um aspecto mais moralista (não perfeito) e de quebra ainda leva saúde, prosperidade, etc.
 
>>Quarta etapa - separou as bolachas dos biscoitos, então é hora de computar e condensar o conteúdo. Primeiro se atenha às sistematizações dos conteúdos históricos, cruze-os e monte um cenário único. Por exemplo, se no artigo A diz que a divindade é do amor em tal região e o artigo B diz que é do amor e da prosperidade em outra região, cruzamos assim:

Sistematizando:

nome - Divindade X
região A - amor
região B - amor, prosperidade
 
Cruzando:

Divindade X - amor, prosperidade (região B )
Agora cruzando o histórico com reconstrucionismo:
Divindade X - amor, prosperidade (região B )
 
Reconstrucionismo:

nome - Divindade X
potencial - amor, prosperidade, sexualidade (supondo que faz parte da estrutura comportamental da divindade, só exemplo).
 
Cruzando
Divindade X - amor, prosperidade (região B ) <- histórico
Divindade X - amor, prosperidade, sexualidade <- reconstrucionismo
cruzamento: Divindade X - amor, prosperidade (abolimos região), sexualidade.
 
Podemos optar pela desconstrução prudente. Por exemplo, se em todas as regiões a nossa divindade é do amor e apenas em uma região isolada (registros históricos) ela é de prosperidade, podemos optar em fazer assim.
 
Cruzando
Divindade X - amor, prosperidade (região B ) <- histórico
Divindade X - amor, prosperidade, sexualidade <- reconstrucionismo
cruzamento: Divindade X - amor, sexualidade.
 
Perceba que excluímos a prosperidade, assim moldamos uma divindade voltada apenas ao culto amoroso e sexual. No invencionismo possivelmente há uma lógica falha, por exemplo, se a Divindade X é do amor e da sexualidade, então incluímos a paixão, a prostituição. Ficando assim:

Invencionando: Cruzando
Divindade X - amor, prosperidade (região B ) <- histórico
Divindade X - amor, prosperidade, sexualidade <- reconstrucionismo
sugestionabilidade - paixão e bondade
cruzamento: Divindade X - amor, sexualidade, paixão e bondade
 
Não é só pouco são termos intimamente ligados que podemos incluir num reconstrucionismo. Temos que nos ater a estrutura comportamental da divindade. Ou seja, se em nenhum momento a divindade se mostrar assim ou assado nos mitos históricos e reconstrucionistas, não é incluído estes aspectos a mesma.
 
Chegamos a uma conclusão:
Divindade X - amor, prosperidade (abolimos região), sexualidade.
OU
Divindade X - amor, sexualidade.
 
>>Quinta etapa - amplificar a base de dados. A partir dos estudos com base em pesquisas históricas (arqueo/antropo/filos) e do reconstrucionismo, ampliamos nossos conceitos.
 
Ampliando:

Divindade X - amor, prosperidade (abolimos região), sexualidade.
A Divindade X é a deusa do amor e da prosperidade e da sexualidade, seus cultos são baseados na consagração e devoção dos aspectos emocionais ligados ao Amor. A Divindade X tem uma vida sexual ativa, tendo relações com vários outros deuses encontrados em seu mito. Suas sacerdotisas não eram castas e nem mesmo casavam-se, ofereciam aventuras sexuais aos viajantes que visitassem os templos. Suas oferendas são maçãs e objetos representativos fálicos, assim como alimentos como pepino, banana, mandioca, etc., além de rosas cor-de-rosa.
 
Só um exemplo, como se tivéssemos tirado isso dos mitos já vistos (não inventados).

>>Sexta etapa - separado o que invencionismo, vamos aproveitá-lo (quem achar conveniente pule esta parte). Sim, achou que íamos abandonar o invencionismo? Não! Vamos aproveitar as cascas e o bagaço e fazer uma torta!
 
A confiabilidade de algo depois que identificamos como invencionismo, cai em terra. Mas muito invencionismo na prática é funcional.
 
- Egrégora: analisamos a egrégora no geral e vemos se os conceitos não são antagônicos com ela e com os aspectos comportamentais da divindade. Ou seja, se a nossa Divindade X é a deusa da fertilidade e pelo invencionismo adicionaram a prosperidade (não as considerando a mesma coisa), não há nada de mal aqui. Pode ser invencionismo, mas mantém o uma linha de raciocínio em parte coerente.
 
Mas se porém atribuem a nossa deusa da fertilidade o aspecto de deusa do infortúnio, por exemplo, apenas porque em seu mito ela se enfureceu e destruiu as plantações e o povo morreu de fome, podemos descartar se isso não se enquadra no perfil geral da divindade. Por exemplo, de outro tópico meu, a Amaterasu ("amaterassu"), deusa japonesa do Sol. Em um momento ela se enfurece e se esconde numa caverna (Inverno), causando o frio e a escuridão. Isso não quer dizer que ela é também a deusa do frio e da escuridão! Bem por ai mesmo!
 
Mas se alguém resolve por invencionismo adequá-la como também deusa do fogo (pela pseudológica "Sol = Fogo") não está errando, apenas está em sua razão e o culto pode ser bem funcional.
 
>>Sétima etapa - finalização e estruturação da crença:
Colocamos tudo num mesmo cenário, porém de forma separada e bem definida. Temos a nossa sistematização (baseada nos estudos coerentes) e o invencionismo funcional.
 
A base de crença e prática deve ser a da sistematização, ou seja, reconstrucionismo, histórico ou um misto de ambos. O invencionismo funcional é mantido como fonte de pesquisa, inspiração e provisão. Afinal durante o caminho muito aspectos podem sofrer alterações durante as práticas e conhecer invencionismos funcionais pode nos ajudar a compreender melhor nossas práticas e quem saber sejam até necessárias, podendo uma hora ou outra ganhando um carisma maior da gente.
 
Bom, pessoal é isso! Espero ter ajudado um pouco. Sei que é maçante e difícil, mas com o tempo, praticando bastante, conseguimos criar compilações coerentes, complexas e eficientes até mesmo lendo três ou quatro textos ao mesmo tempo. Escrevam e leiam bastante, isso ajuda muito na hora de escrever, interpretar, sistematizar, filtrar. Não precisa ter medo de algum texto, livro ou assunto só porque alguém ou outro autor disse que não é funcional. Temos que encarar e praticar bastante a organização dos nossos estudos assim aprendemos a filtrar as coisas úteis das realmente banais.
 
Quero lembrar que estes são métodos pessoais, não são métodos padrões nem absolutos. Cada um tem um jeito de estudar e sabe fazer deste jeito o funcional. É apenas para ajudar quem quiser se aventurar!
 
 
 

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