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terça-feira, 24 de setembro de 2013

BRUXARIA, KARMA E EVOLUÇÃO


BRUXARIA, KARMA E EVOLUÇÃO
 
 


 Há muito tempo venho vendo pessoas dizendo que karma e evolução espiritual nada tem a ver com Bruxaria, muito menos com Wicca. Porém são ao mesmo tempo muito falados por bruxos de muitos caminhos.

Quando falamos de karma (ou carma) no sentido esotérico (carma) dificilmente vemos espaço para ele na Bruxaria, porém o seu significado original, vindo da cultura hindu, tem tudo e mais um pouco a ver com práticas da Bruxaria e afins.

Não podemos misturar as definições assim como a confusão com Dharma também muito feita. O Dharma seria então apenas um opcional, pois se trata de uma doutrina de valores e comportamentos de forma ética e moral, ou seja, segue quem quiser, tanto que muitos seguidores das idéias de "karma" não se confraternizam com o "dharma".

Muito da cultura hindu se fundiu aos mais diversos ramos místicos, assim como religiões ditas místicas, pagãs e em especial às politeístas. Até mesmo na Wicca temos muito disso, pois não é raro o culto de divindades hindus por wiccanos.

Como podemos ver num texto de Scott Cunninghan, onde ele fala do karma, ele nos explica a questão da confusão feita com o termo:

"Existe um fenômeno que atua como auxiliar no aprendizado das lições de cada existência, o qual é chamado de carma. O carma e geralmente mal compreendido. Não é um sistema de recompensas e punições, mas sim um fenômeno que orienta a alma em direção a ações evolutivas. Destarte, se uma pessoa pratica ações negativas, receberá ações negativas em troca. O bem atrai o bem. Com isto em mente, sobram poucos motivos para praticar atos negativos.

Carma significa ação, e é desta forma que atua. Como uma ferramenta, não uma punição. Não há como "apagar" o carma, assim como nem todos os eventos aparentemente terríveis de nossas vidas são um subproduto do carma." (Guia Essencial da Bruxa Solitária)

Neste trecho ele nos fala bem sobre karma e inclusive cita sobre evolução. Em outro texto dele, ele nos fala mais de evolução a nível espiritual:

"Os Wiccanos enfatizam os aspectos brilhantes das deidades porque isto nos dá um propósito para crescer e evoluir aos aspectos mais elevados da existência. Quando a morte, a destruição, a dor e a ira surgem em nossas vidas (o que é normal), podemo-nos voltar para a Deusa e para o Deus e saber que isso é também uma faceta deles." (Guia Essencial da Bruxa Solitária)

E mais:

"Isto é de suma importância para o pensamento Wiccano: nós decidimos o desenrolar de nossas vidas. Não há deus, maldição, força misteriosa ou destino sobre o qual possamos atirar a responsabilidade pelos fatos de nossas vidas. Nós decidimos o que precisamos aprender para evoluir e, então, espera-se, durante essa reencarnação, trabalharmos em busca desse progresso. Caso contrário, regressamos às trevas." (Guia Essencial da Bruxa Solitária)

Em outro trecho ele nos fala algo que soa bem com minhas ideias sobre o assunto:

"Carma significa ação, e é desta forma que atua. Como uma ferramenta, não uma punição. Não há como "apagar" o carma, assim como nem todos os eventos aparentemente terríveis de nossas vidas são um subproduto do carma." (Guia Essencial da Bruxa Solitária)

Como citei em outra postagem, nem tudo é efeito que tem causa no que fazemos ou deixamos de fazer. Sobre evolução, Cunningham ainda nos acrescenta no mesmo livro:

"A pergunta final: o que ocorre após a última encarnação? Os ensinamentos da Wicca foram sempre vagos quanto a isso. Basicamente, os Wiccanos dizem que após subir a espiral da vida, morte e renascimento, as almas que atingiram a perfeição liberamse para sempre desse ciclo e coabitam com a Deusa e com o Deus. Nada é desperdiçado. A energia residente em nossas almas retorna à fonte divina da qual se originou."

Cito apenas Cunninham neste seu livro, por servir de base para muitos iniciantes e para muitos bem formados também, apesar de não agradar todos, suas ideias não diferem muito de outras publicações.

No tarot, por exemplo, temos representações que nos falam muito sobre evolução, como exemplo, a carta O Juízo Final.

Em um texto sobre Wicca da autora Karina Oliveira Bezerra em "Conhecendo a Wicca: princípios básicos e gerais" ela nos cita um trecho interessante:

"Todas as formas de vida são respeitadas na Antiga Religião. Tudo possui igual importância. A única diferença é que as coisas estão meramente em diferentes níveis de evolução dentro dos Quatro Reinos. Os humanos não são mais importantes do que os animais, que não são mais importantes do que as plantas e assim por diante. Vida é vida, não importa que forma física ela adote em um determinado tempo. Somos todos parte da mesma criação e tudo se conecta e se une." (GRIMASSI, 2002, p.42)

Aqui ela nos mostra as mesmas ideias expressadas nos livros de Cunninham. Muita gente, em especial alguns wiccanos, sentem-se chocados quando questões, pensamentos e definições vindas de religiões e culturas orientais são associados a Wicca, mas o que muitos esquecem é que a formação iniciática de seus fundadores se deu baseada em muitos conceitos orientais, assuntos que eram muito difundidos entre o século XIX e XX, sendo amplamente aplicados em diversas linhas religiosas pelo seu alto grau de espiritualidade, comprometimento devocional e coerência.

Outra coisa que choca muitos bruxos, em especial os wiccanos, é o fato de conceitos de ordem espírita difundidas por Allan Kardec estarem tão impregnadas no entendimento de muitos bruxos e místicos no geral. Na época das primeiras publicações espíritas na França e em outros locais da Europa, o Espiritismo surgia com modéstia entre muitas outras doutrinas e formas de pensamento, partilhava em grande parte dos espaços de discussões da época com assuntos ligados à religião (seja cristã ou não) que fugiam das formas de Catolicismo e de grupos protestantes (luteranos ou não).

Sendo assim, muito do que é hoje bem conhecido como Doutrina Espírita, difundida lindamente por vários outros divulgadores desde Kardec, teve muitos de suas práticas, ensinamentos e pensamentos filosóficos mesclados com várias outras formas de entendimento da época. Apesar de já um tanto distante da Inquisição, muitas coisas ainda eram estudadas, divulgadas e praticadas na escuridão e muito dependiam da companhia de outros grupos com outras formas de pensamento.

Muitos divulgadores de ensinamentos místicos e religiões (não Católicos) acabaram que compartilhando com outros seus conhecimentos e formando assim linhas de pensamentos e práticas que são hoje bem difundidas. Uma delas foi a Wicca, que apesar de focar na Antiga Arte, aderiu muito de outras culturas e ensinamentos.

Muita gente não conhece a história, mas na Turquia muito era praticado religião ocidental, em especial as influências romanas e gregas e tratando-se de Turquia, a influência oriental era muito forte (como ainda é hoje). O cenário turco era inclusive muito importante na época, tendo cultos próprios e onde se localiza o Templo de Artemis (o maior da época) que era na época uma das maravilhas do mundo antigo, localizado em Efeso, cidade antiga greco-romana, também conhecida por suas lutas de gladiadores.

A Wicca por si mesma, deixa muitas lacunas a respeito de muitos assuntos, talvez por isso muitos acabam buscando resposta em outras religiões e doutrinas. Gerard Brosseau Gardner era iniciado em muitos mistérios, inclusive em linhas orientais, tinha muito conhecimento e com certeza muito de sua formação religiosa e espiritual não foi difundida com a Wicca, assim como também Alex Sanders.

Na Bruxaria, vendo de uma perpectiva universal, muitas tradições tem optado pelo retorno ao termo Bruxaria apenas, ou no Inglês - "Witchcraft", deixando de lado a denominação Wicca por questões particulares, porém mais possivelmente pelo fato de buscarem em outras formas de práticas por ensinamentos esclarecedores ou de adaptação para complementar suas práticas bruxescas. Seja qual for o motivo, parece que a Bruxaria Moderna anda se modernizando ainda mais.

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